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quarta-feira, 23 de março de 2011

Prosa Barroca Brasileira

   A prosa romântica brasileira é uma reprodução dos temas primordiais deste período: o indivíduo e a tradição. Assim como ocorrera no resto do mundo, o romance foi, a partir do Romantismo, um excelente índice dos interesses da sociedade.
    As instituições religiosas tinham grande peso na vida cultural do país nesta época. Destaca-se a figura de padre Antônio Vieira, modelo da prosa clássica portuguesa, que tinha intenções claras de assumir na vida pública. Os seus textos oratórios revelam um grande virtuosismo na argumentação e na procura de efeitos de surpresa, entusiasmo e espanto sobre o auditório, quer tratasse de questões morais ou políticas e sociais.










        PADRE ANTÔNIO VIEIRA



Nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu em Salvador, foi preso na Bahia, em1697. Em 1614 veio para o Brasil, estudando no Colégio Jesuítico da Bahia. Ordenado em 1635, dedicou-se à catequese dos indígenas. Em 1661 foi preso em Portugal por conta de suas idéias sebastianistas e defesa aos cristãos novos (judeus convertidos). Impedido de pregar por ordem da Inquisição, foi preso mais não cumpriu a pena. Solto, seguiu para Roma e mais tarde tornou-se orador da corte da Rainha Cristina da Suécia. Voltou ao Brasil e morreu enquanto se dedicava ao ensino e a seus sermões. Foi o maior pregador do Barroco, graças à sua cultura e a sua capacidade de persuasão. Suas obras mais importantes são Sermões (15 volumes, editados entre 1679 e 1718); História do Futuro (1718) e Cartas (1925-1928).
  O Sermão da Sexagésima é provavelmente seu sermão mais famoso, abaixo veremos esse sermão:

    "Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há-de haver três concursos: há-de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há-de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...) 
Antigamente convertia-se o Mundo, hoje porque se não converte ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obra são tiros sem bala; atroam, mas não ferem. (...) Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras. Diz o Evangelho que a palavra de Deus frutificou cento por um. Que quer isto dizer? Quer dizer que de uma palavra nasceram em palavras? -- Não. Quer dizer que de poucas palavras nasceram muitas obras. (...) A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos, e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos". 
P. António Vieira, Sermão da Sexagésima, 1655.


Dentre outros os cinco principais sermões de Pe. Antônio Vieira são:




                      
                            VÍDEO SOBRE PADRE ANTÔNIO VIEIRA







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